Quarta, 06 de Agosto de 2025

Ministra Sônia Guajajara Cobra Compromissos do Acordo de Paris de Países Desenvolvidos na COP30

Às vésperas da COP30 em Belém, ministra dos Povos Indígenas defende que nações ricas cumpram metas climáticas e apoiem territórios indígenas como solução para a crise.

06/08/2025 às 18:44
Por: Redação

A três meses da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada de 10 a 21 de novembro em Belém, no Pará, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, reforçou a importância de cobrar dos países desenvolvidos o cumprimento dos compromissos firmados no Acordo de Paris, durante a COP21 em 2015.

“Acho que não é chegar lá e cobrar do governo brasileiro. Afinal de contas, a COP30 é um evento global das Nações Unidas [ONU], que é composta por 198 países. E ali, esses líderes precisam assumir compromissos conjuntos”, afirmou a ministra.

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Em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, produzido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), nesta quarta-feira (6), a ministra também destacou a 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, que se estende até esta quinta-feira (7), em Brasília.

Segundo Sônia Guajajara, a principal proposta dos povos indígenas para a COP30 é o reconhecimento de seus territórios como uma solução eficaz para mitigar as mudanças climáticas.

“Os territórios indígenas, comprovadamente, são os mais preservados, onde têm a maior biodiversidade, e essa proteção é feita pelo próprio modo de vida dos povos indígenas. Apresentamos essa proposta também para ser incluída nas nossas contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) por cada país”, defendeu a ministra.

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COP30

Em resposta às críticas sobre os custos de hospedagem em Belém durante a COP30 e os desafios financeiros de sediar o evento na Amazônia, a ministra descartou qualquer possibilidade de mudança de local.

“Muitos países ainda em desenvolvimento, que não têm tantos recursos, estão com dificuldades de garantir a sua vinda, a participação da sua comitiva aqui. E eles têm trazido essa preocupação. Mas não há risco de a COP sair de Belém do Pará”, garantiu.

A ministra enfatizou que o foco dos participantes deve ser a urgência das discussões sobre as mudanças climáticas.

“Temos que focar, acreditar, e apostar. Essa COP precisa dar certo. É a primeira COP na Amazônia. Nós estamos falando da COP da floresta, da COP da participação, da COP da inclusão e, também, da COP da implementação. A ministra Marina [Silva, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima] tem frisado muito isso”.

Líderes indígenas

O Ministério dos Povos Indígenas está realizando o Ciclo Coparente em todas as regiões do Brasil para preparar a participação indígena nas negociações durante o evento global. A ministra informou que o ciclo já passou pelas regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e que estão agora na Amazônia. Em agosto, os encontros serão no Amazonas, em Manaus e São Gabriel da Cachoeira, e no sul do estado.

A preparação para a COP também será realizada em Roraima, juntamente com uma visita para verificar as ações realizadas pela Casa de Governo no Território Indígena Yanomami.

A ministra lembrou que, desde o ano passado, o governo federal desenvolve o programa Kuntari Katu para preparar líderes indígenas na política global, nos espaços de negociação, como as COPs.

“Nós vamos ter nessa COP várias instâncias de participação, desde a cúpula dos povos, a zona verde, a zona azul, e teremos esses indígenas que estão sendo preparados para lidar diretamente com os negociadores da COP. Nós o chamamos de nossos diplomatas indígenas”.

A ministra adiantou que novas turmas de lideranças indígenas serão criadas para aumentar o número de preparados para atuar em instâncias globais.